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IBGE muda cálculo do PIB e investimento sobe

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Raquel Landim

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai alterar o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), indicador que mede todas as riquezas (bens e serviços) produzidas pelo País. Com a nova metodologia, a taxa de investimento vai subir e a indústria vai ganhar importância.

As mudanças seguem as diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU) e fazem parte do esforço periódico do IBGE para adequar a contabilidade das contas do Brasil às regras globais. Mas também ocorrem no momento em que o País enfrenta o fantasma da desindustrialização e o investimento não decola, apesar dos esforços da presidente Dilma Rousseff.

A avaliação do governo é de que o investimento está subavaliado no Brasil. Com as mudanças que estão sendo promovidas pelo IBGE, a taxa de investimento pode subir entre 1% e 1,5% – ou seja, dos 18,8% registrados em junho para até 20,3%. Por causa do pessimismo provocado pela crise global, os investimentos estão em queda. No ano passado, o País investiu 19,3% do PIB.

O IBGE passará a contabilizar outros itens como investimento, além da compra de máquinas e da construção civil. Uma das principais mudanças é que os gastos das empresas com software passarão a ser parcialmente considerados como investimento. Hoje são computados como serviços. Nos Estados Unidos, os gastos com software representam 16,3% dos investimentos privados e 2,5% do PIB.

O IBGE também está promovendo mudanças que vão aumentar o peso da indústria na economia. Atividades que foram terceirizadas pelas empresas – como limpeza, manutenção, segurança, etc – são contabilizadas hoje como prestação de serviços. Após a aplicação das novas regras, voltarão a ser consideradas como parte da indústria.

A indústria da transformação vem perdendo espaço no País. Em 1995, representava 16,3% do PIB. No ano passado, caiu para 12,4%. Se o IBGE incluir como indústria parte da rubrica “serviços prestados às empresas”, os economistas calculam que significaria 1,5% a mais de participação no PIB para a indústria da transformação e 3% a mais para a indústria geral.

Para especialistas em contas nacionais, está mudando o “termômetro”, mas não os “sintomas” da economia. Fernando Montero, economista-chefe da Corretora Convenção, calcula que a indústria deve continuar perdendo espaço no PIB, porque outros fatores, além da terceirização, colaboram para o fenômeno, como a alta do preço das commodities e o “vazamento” de demanda para o exterior.

Paulo Levy, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), afirma que uma taxa de investimento maior por causa de uma mudança contábil não significa que o País está efetivamente ampliando sua capacidade produtiva e, portanto, teria condições de crescer mais sem gerar inflação. “O fato de medir melhor não altera o mundo real”, diz.

Base
O IBGE foi procurado pela reportagem e informado em detalhes sobre o teor da matéria, mas se negou a fazer qualquer comentário. O órgão informou que divulgaria hoje, pela manhã, informações sobre a atualização da base de dados do PIB.

Segundo o Estado apurou, o IBGE está alterando o ano-base de cálculo do PIB para 2010. Hoje o indicador é feito tomando como referência a importância dos diferentes setores para a economia no ano 2000. Nos últimos tempos, o IBGE já fez duas importantes mudanças no cálculo do PIB – em 1997 e em 2007.

Fontes ouvidas pela reportagem informam que mais mudanças virão nos próximo anos, já que itens importante como, por exemplo, recursos naturais e o valor da terra, ainda são contabilizados no Brasil de maneira diferente do que é feito no exterior.

“São pequenos aperfeiçoamentos que estão sendo feitos de maneira correta e de acordo com as regras internacionais pelo IBGE”, diz Cláudio Considera, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e ex-chefe de contas nacionais do órgão.


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